Camerata Aberta e guris realizam atividades em conjunto
Posted by camerataaberta on Novembro 29, 2010 · 4 comentários
Foram três encontros, em novembro, antes que os alunos do Guri Santa Marcelina dividissem o palco com seis integrantes da Camerata Aberta, grupo estável de música contemporânea ligado à Tom Jobim EMESP. Os alunos vieram de quatro polos que ficam nos Centros Educacionais Unificados (CEUs) Vila Curuçá, Parque Veredas, Parque São Carlos e Jambeiro e dividiram-se em naipes de metais, madeiras, cordas e percussão. Os professores eram Adenilson Telles (trompete), Carlos de Freitas (trombone), Horácio Gouveia (piano), Alexandre Ficarelli (oboé), Fabio Cury (fagote) e Herivelto Brandino (percussão). As peças eram criações coletivas, sobre obras de importantes compositores do Século XX e XXI como Luciano Berio (Sequenza), György Kurtag (Sobre Kurtag), Aylton Escobar (Cantares para Aírton Barbosa) e Isang Yun (Piri).
Ensinar música contemporânea para os guris deu tão certo que, ao final de cada peça, público e músicos se viram extasiados com o resultado do concerto, que aconteceu no teatro do CEU Parque Veredas, no dia 19 de novembro. O encontro de duas gerações, uma de profissionais aclamados pela crítica e admiradores da nova música e outra de jovens que começam a expandir os limites de seus instrumentos e romper com fórmulas batidas, pode muito bem ser resumido na fala do trombonista Carlos de Freitas, ao explicar a origem do nome da peça Sequenza CEU nº 1: “No começo foi um susto que se desenvolveu para uma coisa prazerosa.”
Para o coordenador artístico pedagógico da Tom Jobim EMESP, Sergio Kafejian, os jovens do Guri Santa Marcelina começam a vivenciar a música contemporânea. “Fizemos dois concertos para os guris. Agora é a primeira inserção no âmbito pedagógico. Construímos uma metodologia que se adapta muito bem aos guris. Foi muito proveitosa toda essa troca de experiências”.
Beatriz da Silva Henriques, 16 anos, aluna de clarinete do CEU Parque Veredas, desde 2008, não conhecia nada sobre música contemporânea. “Pensei que era bagunçado”, comenta, na coxia, enquanto aguarda o momento de se apresentar. Para ela, o encontro representa “um conhecimento a mais”, no processo de formação que está vivenciando no Guri Santa Marcelina. Já para Samuel Quires, 18 anos, aluno de saxofone no CEU São Carlos, o diferente foi aprender “música contemporânea no sax. Estou acostumado a aprender jazz, o moderno é uma experiência nova”, exemplifica. Herivelto, que compôs uma peça com os guris denominada Tálaxis, elogiou o nível dos alunos. “Fiquei surpreso pela maturidade e compreensão de que o som pode ser organizado de várias maneiras, não só como a gente está acostumado a ouvir. Eles se envolveram totalmente no processo”.
Mesmo quem não gostava de música contemporânea mudou seu comportamento, como no caso de Stephanie Gonçalves Santana Benigno, 16 anos. “Quando escutei não gostei. Agora eu pude ver mais de perto e aprendi coisas que eu pensava que não dava para tirar no trombone”, confessa a aluna do CEU Parque Veredas desde 2008.
Segundo Carlos de Freitas, muitos músicos acabam entrando em contato com esse tipo de música muito tarde porque os “jovens começam primeiro a estudar música dos séculos passados. Essa iniciativa é uma coisa genial, porque assim podemos mostrar para quem está começando a estudar a música de hoje, qual o seu significado e o que ela representa”.
O coordenador pedagógico do Guri Santa Marcelina, Ricardo Appezzato, explica que os cursos modulares já oferecem aos alunos o primeiro contato com a música contemporânea. Mas a parceria entre o Guri Santa Marcelina e a Camerata Aberta pode acelerar esse processo de ampliação de repertório. “Faz sentido utilizar os artifícios da música contemporânea para quem começa a entender o que é música. Com a Camerata Aberta, trabalhamos para quebrar paradigmas, principalmente da resistência do que é novo. A parceria foi muito positiva no quesito artístico e pedagógico e queremos que isso continue, porque de forma direta ou indireta esse conhecimento vai ressoar positivamente em quem vivencia essa experiência”.
Herivelto, concorda com Ricardo e complementa: “Estou super feliz porque eu senti que eles gostam de fazer música contemporânea. Vi que eles têm um brilho nos olhos”.
Texto: Carlos Rizzo
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Esta iniciativa deveria ser copiada e ampliada para que o contato de todos com a música contemporânea seja ampliada. O espírito da música não se encontra apenas com os mestres dos séculos passados. Colocar a todos com os sons e a alma de nosso tempo é algo além de tudo absolutamente democrático, já que, na minha experiência a música dita contemporânea é ouvida e vivida por muito poucos.
Paulo, é importante também que esse contato seja feito com a criança, quando o ouvido ainda é naturalmente curioso e aceita novos sons com grande interesse. Aproveitamos para convidá-lo para o concerto da Camerata Aberta do dia 12 de dezembro, 16h, no MASP, com o L’Itinéraire, um dos ensembles mais importantes da atualidade.
Um abraço, Camerata Aberta
Olá Paulo,
Muito obrigado pela sua mensagem, também acreditamos que só através de iniciativas como esta poderemos preparar nossos jovens músicos para o universo rico e fascinante da música contemporânea.
grande abraço
sergio
E que o diga…essa experiência, vou levar pela minha vida e carreira toda, agradeço a oportunidade, obridada ao Fabio Cury, a ao Alexandre Ficarelli (obrigada pelo CD também 😉 )
Agora tenho outro ponto de vista sobre a música contemporânea, e recomendo a todos…